domingo, 26 de junho de 2011

COMO ESCREVER EM VERSO

Pra se fazer um cordel
num careçe ser letrado
e nem diplomado não,
basta olhar com cuidado
quando o dia amanhece
ou quando desaparece,
o verso idealizado.

E você vai descascando
cada pét'la da roseira,
pracure marcar as rimas
com os espim da laranjeira,
veja que coisa gostosa
ouvir a voz maviosa
das águas na cachoeira.

Respire o ar da saudade
sinta o perfume da flor
capriche mais na estrofe
não rime dor com amor
arranque do coração
tinta para a estrofação
que vem de Nosso Senhor.

Só faz um verso bonito,
-digo e não peço segredo-
aquele que tem amor
e escreve sem ter medo.
Ouça a voz do coração,
sinta um aperto de mão
de Anilda Figueiredo.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

CACIMBINHA (Zé da Luz)

Tá vendo aquela cacimba
lá na beira do riacho
inriba da ribanceira
que fica assim por debaixo
do pé de tamarineira?

Apois um magote de moça
quaje toda menhazinha
forma assim aquela tuia
involta da cacimbinha
pra tomar banho de cuia.

E eu num sei proquê razão
as águas dessa nascente
as águas que ali se vê
tem um gosto diferente
das cacimbas de beber.

As águas dessa cacimba
tem um gosto mais mió
nem salgada nem insossa
tem um gostim de suor
do sovaco dessas moça.

E quando invejo minha cara
e a cara torno a espiar
naquelas águas quilara
eu me vejo a desejar,
desejo pra que negar?

Desejo é ser um caçote
cum os zóios desse tamanho
pra ver aquele magote
de moça tomando banho.